terça-feira, 25 de agosto de 2009

Só os peixes estão bem


Moram na casa do poder. Sem erro, recebem alimentação diariamente e usufruem de água sempre limpa. Ao menor sinal de risco à saúde, recebem "tratamento medicamentoso". Era isso que explicava um aviso indexado à beira do viveiro. Na ocasião, a medicação era para combater um tal de Saprolegniose. "Um fungo resistente", descreveu Décio Moreira Cunha, engenheiro de Aquicultura, no aviso. Assim vivem os peixes que ornam o hall de entrada do Centro Administrativo do Estado de Santa Catarina.

Deixando os escamosos de lado, vou aproveitar este mesmo espaço para contar outra história.

Uma delas aconteceu quando buscávamos (equipe do jornal) personagens para reportagem sobre o problema do crack em SC. Encontramos Sônia Mara. Nos dirigimos até o Morro da Penitenciária para entrevistá-la. Não estava em casa. Segundo vizinhos, dirigiu-se ao Hospital Universitário para medicar a filha que apresentava estado febril. Fomos a sua procura. Chegando lá, a encontramos na emergência. A faxineira estava indignada, pois aguardava atendimento havia cinco horas. Faltava profissionais. Alguém para diagnosticar o problema e indicar o tratamento correto.


Antes de falar sobre o filho que morreu por envolvimento com crack, Sônia também relatou que tem dificuldades para alimentar os filhos. Tem de fazer malabarismo com o salário de faxineira. Já passou fome.

Assim vivem os seres humanos.


Foto da Sônia Mara: Guto Kuerten

Um comentário:

Dani Coelho disse...

Nunca tinha te lido... gostei! Texto gostoso de ler. Investe nisso! E em edição de vídeo também - principalmente dos meus! hahahaha
Beijones Pedróviski!